«Quero saber se isto é verdade». Romance e crise do comunismo em José Saramago

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Jordi Cerdà Subirachs




O colapso do comunismo na Europa Oriental teve o efeito de um regresso à realidade, um desencanto perante a democracia (Patrick Michel 1999). A obra de José Saramago, militante do PCP, deve ser lida num contexto muito específico em que a euforia revolucionária e patriótica portuguesa foi rapidamente desencantada por um capitalismo triunfante e uma globalização imparável. As lutas pelo reconhecimento das minorias e/ ou periferias culturais são explicitadas no seu romance, bem como na sua intervenção política. Na História do cerco de Lisboa, elementos como o valor da história e da memória, a identidade e a alteridade, ou a verosimilhança poética e a sua componente moral (e de justiça) entram em jogo, tornando-se um revelador ideológico das mudanças que aconteceram no final do século xx. A esquerda defendida por Saramago está comprometida com um princípio de esperança: a sua narrativa mostra-nos que já não é o real que funda o credível, mas o credível que funda o real. Este artigo pretende analisar a narrativa de Saramago sobre este período, dentro da perspetiva da antropologia do crer.





 
Paraules clau
José Saramago, História do cerco de Lisboa, crise do comunismo, luta pelo reconhecimento, antropologia do crer

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Com citar
Cerdà Subirachs, Jordi. “«Quero saber se isto é verdade». Romance e crise do comunismo em José Saramago”. Dictatorships & Democracies (D&D), no. 10, pp. 155–175, doi:10.7238/dd.v0i10.409828.