A Construção da Fonte Monumental da Alameda Afonso Henriques (1938-1948) através dos periódicos e do processo administrativo
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Helena Elías
Em 1940 o regime salazarista celebrava duas datas históricas (1140 e 1640) que considerava representativas da Nacionalidade. As datas correspondiam à formação do reino de Portugal e à proclamação de independência portuguesa em relação ao reino de Castela. Em 1938, o ditador Salazar divulgara o programa das comemorações e apelara aos serviços públicos para que mostrassem empenho na preparação do evento, demostrando a “grande capacidade realizadora de Portugal”.
A proposta de construção de uma fonte monumental foi uma das iniciativas protagonizadas pelos serviços públicos, como resposta ao apelo de Salazar. A proposta, apresentada oficialmente em 1938, pela Comissão Fiscalizadora das Águas de Lisboa, era da responsabilidade do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, dirigido então por Duarte Pacheco. No projecto contavam-se dois conjuntos escultóricos e dois painéis cerâmicos, complementando a estrutura arquitectónica do monumento. Considerava-se, também, programas de efeitos de água e luz como elemento valorizador da obra. Os terrenos da Alameda D. Afonso Henriques foram escolhidos para a implantação do monumento. Porém, a construção da obra, estimada em 480 dias, arrastou-se durante dez anos (1938-1948). Durante este período, o desenvolvimento do trabalho foi noticiado com entusiasmo pela imprensa, através de artigos em jornais e revistas, veiculados pela propaganda salazarista.
O propósito deste artigo é dar a conhecer os episódios que motivaram o atraso na conclusão desta obra, procurando expor todo o processo de encomenda, desde começo até à sua conclusão em 1947.
Inicia-se o artigo contextualizando a génese do projecto, integrante na programação das Festas dos Centenários e a sua relevação pela imprensa, comentando os artigos publicados. Em seguida, descrevem-se as etapas do desenvolvimento da obra, procurando expor os motivos de ordem económica e técnica que levaram ao adiamento do projecto e causaram demoras na execução dos trabalhos até à sua conclusão.
A investigação baseou-se essencialmente em dados recolhidos no processo da obra, existente em arquivo. Os periódicos têm sido a fonte privilegiada para descrever a construção da Fonte Monumental. No entanto, atendendo ao contexto político da época, os periódicos pouco dizem sobre as lógicas que conduziram à concretização tardia da obra, já que a sua preocupação é, sobretudo, credibilizar e consolidar a imagem política do regime. Assim, neste estudo, a consulta aos periódicos fez-se pela necessidade em contextualizar as motivações de ordem politica e ideológica que acompanharam o lançamento da construção da obra. Na ausência de justificação sobre as causas que provocaram o atraso nos trabalhos, recorreu-se à consulta do processo administrativo da encomenda. Desta forma foi possível obter dados inéditos sobre a construção desta obra comemorativa tal como o lançamento de um concurso internacional para instalação eléctrica e hidráulica dos jogos de água ou ainda as contingências que motivaram o tardío começo da obra bem como a substituição de materiais primitivamente destinados às encomendas artísticas.
A proposta de construção de uma fonte monumental foi uma das iniciativas protagonizadas pelos serviços públicos, como resposta ao apelo de Salazar. A proposta, apresentada oficialmente em 1938, pela Comissão Fiscalizadora das Águas de Lisboa, era da responsabilidade do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, dirigido então por Duarte Pacheco. No projecto contavam-se dois conjuntos escultóricos e dois painéis cerâmicos, complementando a estrutura arquitectónica do monumento. Considerava-se, também, programas de efeitos de água e luz como elemento valorizador da obra. Os terrenos da Alameda D. Afonso Henriques foram escolhidos para a implantação do monumento. Porém, a construção da obra, estimada em 480 dias, arrastou-se durante dez anos (1938-1948). Durante este período, o desenvolvimento do trabalho foi noticiado com entusiasmo pela imprensa, através de artigos em jornais e revistas, veiculados pela propaganda salazarista.
O propósito deste artigo é dar a conhecer os episódios que motivaram o atraso na conclusão desta obra, procurando expor todo o processo de encomenda, desde começo até à sua conclusão em 1947.
Inicia-se o artigo contextualizando a génese do projecto, integrante na programação das Festas dos Centenários e a sua relevação pela imprensa, comentando os artigos publicados. Em seguida, descrevem-se as etapas do desenvolvimento da obra, procurando expor os motivos de ordem económica e técnica que levaram ao adiamento do projecto e causaram demoras na execução dos trabalhos até à sua conclusão.
A investigação baseou-se essencialmente em dados recolhidos no processo da obra, existente em arquivo. Os periódicos têm sido a fonte privilegiada para descrever a construção da Fonte Monumental. No entanto, atendendo ao contexto político da época, os periódicos pouco dizem sobre as lógicas que conduziram à concretização tardia da obra, já que a sua preocupação é, sobretudo, credibilizar e consolidar a imagem política do regime. Assim, neste estudo, a consulta aos periódicos fez-se pela necessidade em contextualizar as motivações de ordem politica e ideológica que acompanharam o lançamento da construção da obra. Na ausência de justificação sobre as causas que provocaram o atraso nos trabalhos, recorreu-se à consulta do processo administrativo da encomenda. Desta forma foi possível obter dados inéditos sobre a construção desta obra comemorativa tal como o lançamento de um concurso internacional para instalação eléctrica e hidráulica dos jogos de água ou ainda as contingências que motivaram o tardío começo da obra bem como a substituição de materiais primitivamente destinados às encomendas artísticas.
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Elías, Helena. “A Construção da Fonte Monumental da Alameda Afonso Henriques (1938-1948) através dos periódicos e do processo administrativo”. On the w@terfront, no. 15, pp. 3-34, https://raco.cat/index.php/Waterfront/article/view/225019.
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