Expectativa, decepção e antipolítica: dos tropeços petistas ao descaminho bolsonarista

Após a Queda do Muro de Berlim e o ruir do socialismo real, aquele mundo bipolar converte-se em um cosmopolitismo abstrato – mero disfarce para a hegemonia de um pensamento único que consolidaria o poder estadunidense com uma ditadura da falta de alternativas. O capitalismo chega a uma nova etapa com o neoliberalismo e não satisfeito em submeter o mundo ao reino individualizante e selvagem do mercado, busca colonizar e neutralizar futuros. O falacioso discurso de um Fim da História toma forma e, estranhamente, convence a própria esquerda que passa a ter uma postura inerte e viciada em um conformismo pósmoderno que se satisfaz com meras mitigações para sobreviver à sociedade civil, mas não superá-la. À luz desse cenário, o objetivo deste trabalho é compreender a ascensão bolsonarista como um fenômeno que decorre das distintas mazelas da globalização neoliberal, do conformismo do Partido dos Trabalhadores e das próprias contradições históricas do Brasil.